Por Vagner de Almeida*
Sou mulher, sou brasileira, sou lésbica é um filme documentário que conta histórias de vidas de mulheres brasileiras lésbicas de todas as classes sociais. Dirigido por Vagner de Almeida, co-produzido por Richard Parker e rodado no Brasil, este documentário faz parte da primeira série dessa trilogia sobre mulheres cidadãs lésbicas que buscam, com força e coragem, a igualdade e o reconhecimento dos seus direitos dentro da sociedade brasileira.
Durante quatro anos, foram entrevistadas 503 mulheres em todo o Brasil e coletadas histórias diversas e incríveis de vidas de lésbicas que lutam por liberdade de expressão e pelo respeito dentro de uma sociedade ainda machista, patriarcal, homofóbica, lesbofóbica e perversa.
Nesta primeira parte da trilogia, o filme, com duração de 45 minutos, trata das questões e temas mais mencionados nas entrevistas com estas mulheres.
Para realizar esse documentário, foi necessário enfrentar uma série de barreiras e, uma delas, entre tantas outras, foi a falta de solidariedade e respeito com essas cidadãs, por parte de muitos segmentos. Segmentos, inclusive, dos quais se esperaria mais atenção e cuidado com pessoas tão afetadas por inúmeras formas de estigmas e discriminações.
Ao longo das gravações, muitas entrevistadas não quiseram ser filmadas com receio de serem denunciadas, mas, no final, deram entrevistas e depoimentos impressionantes. Observou-se também que muitas mulheres se recusaram a pronunciar a palavra “lésbica/s”, em função do estigma e do preconceito que este termo traz à vida pessoal de cada uma delas. Além desta palavra, associaram tal estigmatização a tantos outros jargões pejorativos que escutam seja por familiares, comunidades religiosas extremistas, mídia, na sociedade em geral.
Sou mulher, sou brasileira, sou lésbica faz parte da série de documentários anteriores produzidos pela Associação Brasileira Interdisciplinar de Aids (AIDS), entre os quais: “Borboletas da Vida”, “Basta um dia” e “Sexualidade e crimes de ódio”.
Todos esses filmes trazem para o debate a violência que o segmento LGBT sofre na sociedade brasileira, diante de uma sociedade que naturalizou que os direitos não são iguais e que a violência contra essa comunidade continue crescendo e chegando a óbitos.
Falar da mulher lésbica é muito difícil, pois a sociedade não está preparada para discutir questões associadas a essa comunidade. Os debates e o diálogo ainda se encontram em grupo específicos e restritos, não alcançando assim a massa de mulheres homoafetivas de todo esse país.
Este filme é direcionado para a sociedade geral, e não apenas para segmentos definidos da comunidade LGBT. Trata-se de uma produção para educadores/as, familiares, segmentos religiosos extremistas, ativistas, formadores/as de opiniões, mídia em geral, trazendo questionamentos e esclarecimentos sobre o que é ser mulher, cidadã e lésbica no Brasil.
O lançamento deste filme, com produção de Prazeres e Paixões, só foi possível graças à parceria com a ABIA e ao apoio da Secretaria de Assistência Social e Direitos Humanos da Superintendência de Direitos Individuais, Coletivos e Difusos do Estado do Rio de Janeiro.
Esperamos, com o documentário, promover um debate sobre “O que é ser lésbica no Brasil?”.
LANÇAMENTO OFICIAL
Data: 14 de janeiro de 2010
Local: Cinema Nosso
Endereço: Rua do Resende, n. 80, Lapa – Rio de Janeiro, RJ
Para mais informações, escreva para vagner.de.almeida@gmail.com ou visite:
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* Vagner de Almeida é diretor de filmes, escritor, membro do secretariado do Observatório de Sexualidade e Política e coordenador de projetos da ABIA.