Trinta homens. Trinta homens aparecem em um vídeo estuprando uma menina de 17 anos no Rio de Janeiro. Como se não bastasse, um vídeo do crime foi gravado pelos estupradores e divulgado nas redes sociais. O crime e a forma como foi divulgado, gerou revolta e mais de 800 denúncias no Ministério Público do Rio.
Diante disso, não vamos nos calar.
Após o crime, que ocorreu na segunda-feira (23), a vítima foi encontrada na região da praça Seca, na zona oeste do Rio por um desconhecido que a levou para casa.
Na manhã desta quinta-feira (26) ela foi levada para fazer exames, de acordo com o G1.
Segundo o site, a jovem tem 17 anos e o crime aconteceu em uma comunidade na zona oeste do Rio. A Polícia Civil investiga a autoria do crime e dois suspeitos já foram identificados. Nas imagens analisadas, citam que “mais de 30” teriam abusado da jovem.
As imagens em que se ouve frases de incentivo explícito à violência foram gravadas e divulgadas para expor, ainda mais, a vítima. Ativistas reagiram com indignação e criaram a hashtag #QueroUmDiaSemEstupro.
As mulheres pedem, além de justiça, para que as imagens não sejam reproduzidas, compartilhadas ou sequer assistidas.
A divulgação das fotos e vídeos íntimos configura crime previsto no Código Penal, especialmente no caso de se tratarem de evento criminoso. Nas fotos e vídeos que começaram a circular após serem divulgadas no Twitter por um homem identificado por Michel, a moça aparece nua e desacordada.
“O vídeo é chocante, eu assisti. Ela está completamente desligada”, diz a avó da vítima. “Ela tem umas coleguinhas lá [na comunidade], mas nessa hora nenhuma apareceu”, disse a avó da adolescente em entrevista à rádio CBN.
Também foi criado um evento para protestar contra a violência feminina.
“Nesse momento, milhares de mulheres estão sendo estupradas. Vamos lutar por justiça por todas nossas irmãs que sofrem nesse momento. Devemos nos juntar e não deixar que esses 30 homens andem impunes e como se nada tivesse acontecido”, diz a descrição.
O Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ), por meio da 23ª Promotoria de Investigação Penal, e a Delegacia Antissequestro (DAS) estão investigando o caso, assim como a Delegacia de Repressão aos Crimes de Informática do Rio.
Como denunciar
Após a divulgação das imagens, cerca de 800 denúncias chegaram à Ouvidoria do MP. A instituição pede que agora só sejam encaminhadas informações que acrescentem à investigação, como identificação de envolvidos, endereços ou novas provas. As informações podem ser enviadas neste canal.
Casos de estupro, assédio sexual, importunação ofensiva ao puder (provocações verbais) e ato obsceno também podem ser denunciados no site da Polícia Federal ou por meio do Disque 180, a Central de Atendimento à Mulher. Também é possível procurar delegacias estaduais especializadas nesse tipo de crime.
O delegado Alessandro Thies, responsável pelas investigações do caso no Rio de Janeiro, pede ao cidadão que tenha qualquer informação que possa auxiliar na identificação dos autores que entre em contato através do endereço de e-mail: alessandrothiers@pcivil.rj.gov.br.
Estupro é crime
Mulheres são violentadas a cada onze minutos no Brasil. Esta foi a conclusão do Fórum Brasileiro de Segurança Pública divulgado em 2015. E não esqueçamos que até o ano de 2009, o estupro era considerado crime contra a honra. E ainda hoje o estupro é um dos crimes menos notificados do Brasil.
Cerca de 50 mil casos de estupro são registrados anualmente no Brasil e estima-se que isso representa apenas 10% da quantidade dos casos. A pessoa que é violentada, a maioria das vezes, deixa de denunciar com medo de retaliações, com vergonha de se expor, e até mesmo com receio de serem culpadas ou tachadas pela violência sofrida.
Não se cale diante de um estupro. É crime. Denuncie!
ATUALIZAÇÃO:
Um suspeito de participar do estupro coletivo da jovem já foi identificado e terá a prisão pedida. A Delegacia de Repressão aos Crimes de Informática do Rio investiga o caso e disse que a vítima já foi ouvida e que as investigações estão em andamento. As informações são do G1.
Mais tarde, novos fatos foram surgindo e esclarecendo o crime. A Polícia Civil já pediu à Justiça a prisão de quatro homens que envolvidos no estupro.
Segundo informações da Veja, Marcelo Miranda da Cruz Correa, de 18 anos, e Michel Brazil da Silva, de 20 anos, são suspeitos de divulgar as imagens da vítima na internet.
Já Lucas Perdomo Duarte Santos, de 20 anos, é o rapaz com quem a adolescente tinha um relacionamento e teria participação direta no crime. O outro homem que teria participado do estupro é Raphael Assis Duarte Belo, de 41 anos, que aparece nas imagens ao lado da garota.
Segundo depoimento dado à polícia civil, a adolescente de 16 anos foi estuprada no sábado (21) numa comunidade da Zona Oeste do Rio. Em depoimento à polícia, ela disse que foi até a casa de um rapaz com quem se relacionava há três anos.
Ela diz se lembrar de estar a sós na casa dele e só acordar no domingo, em uma outra casa, na mesma comunidade, com 33 homens armados com fuzis e pistolas. Ela destacou que estava dopada e nua.
A garota retornou para casa na terça-feira (24). A família só soube do estupro na quarta-feira (25), quando fotos e vídeos exibindo a adolescente foram divulgados na internet. A investigação segue em curso.
A advogada Eloisa Samy Santiago, que atendeu a adolescente na noite de ontem, divulgou em um post no Facebook que ela não é usuária de drogas e que tinha ido até a comunidade recuperar seu celular que tinha sido roubado. “Ela foi dopada e estuprada por traficantes, após voltar à comunidade para recuperar um celular furtado.”
O caso segue sendo investigado.
Em nota divulgada na noite desta quinta-feira (26), a ONU Mulheres Brasil se solidariza com as duas adolescentes vítimas de estupro coletivo no Brasil.
Um dos casos aconteceu no Rio de Janeiro, com uma jovem de 16 anos, estuprada por vários homens. No último dia 20, no Piauí, uma adolescente de 17 anos foi amarrada, amordaçada e estuprada por cinco homens.
No comunicado, a ONU Mulheres solicitou aos poderes públicos dos estados do Rio de Janeiro e do Piauí que seja incorporada a perspectiva de gênero na investigação, processo e julgamento de tais casos “para acesso à justiça e reparação às vítimas, evitando a sua revitimização”.
*Esta nota será atualizada com novas informações
Fonte: http://www.brasilpost.com.br/2016/05/26/video-estupro-coletivo_n_10144610.html