Maria Eugenia Matricardi é artista visual e doutoranda em Poéticas Contemporâneas da Universidade de Brasília – UnB. Ela vive no planalto brasileiro e pertence ao coletivo de arte Corpos Informáticos que já foi tema da seção Sexualidade& Arte em janeiro de 2016.
Em 2013, no evento Corpo e Política, organizado pelo coletivo Matricardi fez a performance Corpo contra Conceito, um exercício vital de nudez, força e resistência no feminino, contra o fluxo poderoso de um canhão de água, tendo o eixo monumental de Brasília como pano de fundo. Em suas próprias palavras:
Retiro o roupão, me posiciono nua de costas para a parede externa do museu, peço para acionarem a mangueira na pressão máxima. O corpo intima o fluxo, estabelece lugar de combate. O jorro de água comprime, deforma a carne, superfície contra superfície; espaço incidente onde as coisas se manifestam em sua materialidade somente em relação ao seu limite contra o espaço. Contraposição: estar contra como forma de engendrar com-tato, zonas de aderência. Corpo contra conceito. Conceito contra conceito. Corpo contra corpo. Na vulnerabilidade de deixar-se escorrer, deixar o corpo vibrar sem organismo. Pele água, pele fluxo, pele ar, quase nada, poça no chão.
Como explicitado pela artista no texto Corpo contra Conceito a poética da performance extrapola de muito o simbolismo da violência e resistência política que ela, inevitavelmente invoca. Ainda assim, escolhemos Matricardi como artista do mês por que sua poderosa arte corporal pode ser também um ícone da atmosfera política brasileira em julho de 2016.
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