por Heloisa Melino
Rio de Janeiro, 3 de setembro de 2017.
Sobre o caso do ejaculador em série de São Paulo: é uma conduta horrível e cotidiana pela qual as mulheres passam em transporte coletivo. Mas não é estupro. A gente questiona e denuncia o machismo, racismo e elitismo do Judiciário e a gente também não pode banalizar crimes graves como o estupro. A conduta do cara não é banal, não é isso que tô dizendo. Mas não é estupro, estupro é outra coisa. Inclusive faz parte de combater a cultura do estupro conscientizar sobre a gravidade do estupro e não é tratando qualquer ato, por mais repugnante e misógino que seja, como estupro.
A gte tem q pensar em soluções efetivas pras mulheres não passarem por isso. Não é separando um vagão de metrô ou trem, porque não cabem ali todas as mulheres que usam esses transportes. Ao invés disso, pensar o transporte urbano como acesso à cidade – e direito à cidade é também um direito de todas as pessoas. Transporte urbano é acesso a mercado de trabalho, a escolas, a universidades, à cultura e, como sugere a Luciana Boiteux no post que compartilho no primeiro comentário, aumentar o número de transportes coletivos reduziria a superlotação e seria uma forma de reduzir a incidência desses casos, por exemplo.
As mais efetivas a gte sabe quais são: debate sobre violência de gênero, sobre a subalternização e objetificação das mulheres, que é combate à cultura de estupro.
Mas não é ampliando o encarceramento por um caso como esse. Até pq, não vamos esquecer quem são os únicos homens que vão encarcerados nesses casos – mas q não são os únicos que cometem esses crimes.
Fonte: Facebook