Sexuality Policy Watch [PTBR]

Reflexão de domingo: Enfrentando a tirania – Por Robert Reich

Publicado originalmente em Substack

Amigos,

A situação está piorando.

O regime de Trump tira do ar os comediantes noturnos. Ele ameaça retirar as licenças de transmissão das emissoras cujos apresentadores de TV o criticam. Exige que o procurador-geral processe seus inimigos. Processa o The New York Times por criticá-lo. Bombardeia barcos em águas internacionais. Ocupa mais cidades. Acusa a esquerda, mas não a direita, de violência política. Tem como alvo organizações “liberais”. Tem como alvo (e às vezes faz desaparecer) pessoas que parecem latinas. Permite que Putin e Netanyahu façam o pior. E assim por diante.

Se você está se sentindo assustado ou desorientado, você tem todos os motivos para isso.

No entanto, aprendemos várias lições sobre como lidar com esse tirano e devemos colocá-las em prática.

Primeiro, não é possível apaziguá-lo. Como mostraram a Universidade de Columbia, vários grandes escritórios de advocacia e empresas de mídia como a ABC e a CBS, tentar apaziguá-lo apenas incentiva ainda mais sua tirania.

É melhor lutar e litigar do que chegar a um acordo.

Segundo, é difícil enfrentá-lo separadamente, já que todas as universidades, escritórios de advocacia, empresas de mídia e outros alvos da ira de Trump estão competindo entre si por estudantes, consumidores, clientes ou anunciantes. É por isso que é importante nos unirmos para criar uma frente unida.

Harvard está fazendo um bom trabalho ao confrontar o regime, mas faria melhor se agisse como um guarda-chuva para todo o ensino superior — litigando contra o regime como um todo e falando com uma só voz contra suas incursões na liberdade acadêmica e na liberdade de expressão.

Todos os tiranos da história buscaram dividir para conquistar. Essa é uma das principais estratégias de Trump. Ele quer atacar as instituições individualmente para que elas não se unam. Ele também busca dividir os Estados Unidos — por política, etnia, raça, religião, região, orientação sexual e preferência — para que fiquemos fragmentados e irritados uns com os outros.

A terceira lição é que enfrentar um tirano requer coragem. Grandes corporações movidas pelo lucro, como a ABC e a CBS, não têm coragem. A Columbia e várias outras universidades, bem como os escritórios de advocacia que se renderam a Trump, demonstraram pouca coragem.

Mas o The New York Times e o Wall Street Journal mostraram firmeza, assim como Harvard. E centenas de milhares de vocês demonstraram coragem ao causar bons problemas nas prefeituras republicanas e participar de manifestações pacíficas.

A coragem pode ser contagiosa. É mais fácil ser corajoso se os outros são corajosos, e é por isso que a solidariedade é essencial. As manifestações mostram que não estamos sozinhos — que fazemos parte de um amplo movimento para recuperar nossa democracia. (Marquem em seus calendários os próximos protestos No Kings, em 18 de outubro.)

Quarta lição: enfrentar a tirania é um esforço contínuo. Requer tenacidade. A opressão que estamos enfrentando não terminará tão cedo. É por isso que é importante controlar nosso ritmo, manter nossa força e não nos esgotarmos.

Quinto, enfrentar a tirania exige que ajamos contra ela tanto em pequenas ações quanto em grandes. Devemos corrigir mentiras quando as ouvimos, venham elas de qualquer lugar, mesmo de membros de nossa família. Não podemos tolerar o preconceito, vindo de ninguém. Temos que pressionar nossos representantes eleitos — bem como as organizações que nos empregam e as instituições das quais participamos — a reagir.

Sexto, devemos procurar oportunidades para comemorar até mesmo pequenas vitórias e encontrar maneiras de manter nossa esperança. Os tiranos querem que aqueles que oprimem percam a esperança para que possam assumir o controle de todas as facetas da sociedade. Não devemos nunca perder a esperança.

Por fim, o melhor antídoto para os sentimentos de pânico, impotência e estresse é o ativismo. Quanto mais nos manifestamos, escrevemos aos nossos representantes no Congresso, pressionamos os líderes de nossas empresas e universidades a tomarem posições firmes, nos organizamos localmente, participamos de manifestações, boicotamos empresas que estão se rendendo ao tirano (como cancelar nossas assinaturas da Disney+) e protegemos os mais vulneráveis entre nós — melhor nos sentimos e mais fortes nos tornamos.

Meus amigos, estes são alguns dos momentos mais difíceis que a maioria de nós já viveu. Eu entendo o estresse que vocês sentem. Eu compartilho dele. Mas, por favor, não se desesperem. Não se sintam impotentes. Canalizem sua indignação, raiva e tristeza para a ação.

Cabe a nós preservar a democracia e proteger a justiça social. Nossos antecessores nessa luta — gerações que se sacrificaram por esses valores — exigem isso. Nossos filhos e netos merecem isso.



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