No último dia de 2021, no seu artigo para o Suplemento Universa, Andrea Dipp, nossa querida parceira da Agência Pública, reflete sobre o ano que passou. Resgata , com razão, um artigo de 2016, do desaparecido El País, em que Eliane Brum expressa o sentimento de uma corrida sem fim que somente leva a exaustão. Sobretudo, clama com vigor a que não nos deixemos “domesticar” pelas complexas e arriscadas dinâmicas que se anunciam para 2022.
Nas suas prórias palavras, isso é vital para feministas e as sexualidades dissidentes porque ” a violência que nos atravessa…também tem a ver com a tentativa constante de submissão, silenciamento, docilização, adestramento e domesticação dos nossos corpos”. E, adiciona: “poucas vezes na história recente do Brasil pudemos assistir a essa investida contra nossos corpos de maneira tão clara, crua e assertiva” ‘ . Como sabemos, os efeitos dessas investidas são ainda mais deletérios quando os corpos por eles afetados são racial e etnicamente marcados.
Para ilustrar sua afirmação, Andrea cita o relatório Ofensivas Antigênero no Brasil: Políticas de Estado, Legislação, Mobilização Social elaborado pelo Observatório de Políticas de Sexualidade (ABIA, Ação Educativa, Associação Brasileira de Gays, Lésbicas, Bissexuais, Travestis, Transexuais e Intersexos (ABGLT),Associação Nacional de Travestis e Transsexuais, Conselho Latino Americano dos Direitos da Mulher – Brasil, CONECTAS Direitos Humanos, Núcleo de Direitos Humanos e Cidadania LGBT+da Universidade Federal de Minas Gerais. Agradecemos a referência e convidamos nossa audiência a ler o artigo completo:
Que em 2022, um ano decisivo e de eleições, a gente seja ‘indomesticável’.
Reiterando o apelo de Andrea: sejamos indomesticáveis em 2022!
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Imagem: “Darkytown Rebellion,” de Kara Walker (2001), recortes de papel, projeção mural e pintura (Coleção Mudam Luxembourg/ArtSonje Center). Para saber mais sobre Kara Walker, leia matéria de O Público sobre sua retrospectiva na TATE Modern.