Querid@s,
Muitos de nós soubemos da preocupante notícia de que a professora Stella Nyanzi foi recentemente presa em Kampala (Uganda). No momento, já existem petições locais, e de outras partes do mundo, protestando contra o ocorrido. Esta vem da Índia, onde temos visto um surpreendente e similar crescimento do poder autoritário.
Stella é uma feminista corajosa e brilhante, que tem apoiado e inspirado os movimentos Kuchu /LGBTIQ/Queer em Uganda e em outros países. Ela é reconhecida no mundo por seus escritos incisivos, bravos, bem-humorados e eróticos, do que é exemplo sua página no Facebook. Ela foi colocada recentemente em custódia judicial sob a acusação de “assédio cibernético” e “comunicação ofensiva” – ou seja, fundamentalmente por falar a verdade para o poder em Uganda, criticando o regime do presidente Museveni, que tem se tornado cada vez mais autoritário.
Rahul Rao e eu decidimos que tentaríamos amealhar apoio para nossa querida companheira, sobretudo de ativistas e acadêmic@s queer e feministas e daquel@s preocupados com a erosão das liberdades civis e dos direitos democráticos no mundo atual. A intenção é reunir assinaturas e então submeter a petição demandando a libertação de Stella nos Tribunais Superiores de Uganda e em consulados pelo mundo. Colocamos a petição no link abaixo:
https://secure.avaaz.org/en/petition/Government_of_Uganda_High_Commissions_and_Consulates_worldwide_Free_Dr_Stella_Nyanzi_NOW/
Para aquel@s desconfortáveis com o avaaz ou com petições online em geral, enviem-me uma mensagem privada através do email xaefis@gmail.com com nome, país e local de onde escreve, além de seu email.
Repasse esta mensagem para seus pares, coleg@s, companheir@s, amig@s e ativist@s que você imagina interessados na causa.
Em solidariedade com a campanha em Uganda!
LIBERDADE PARA STELLA JÁ!
akshay
O texto da petição segue abaixo:
Liberdade para Stella Nyanzi já!
No dia 07 de abril, a professor Stella Nyanzi foi detida por policiais à paisana em Kampala, Uganda. Desde então, ela está em custódia judicial, permanece encarcerada e teve a fiança negada
Nyanzi, ou Mama Stella, conforme é popularmente conhecida, é uma das mais incisivas e reconhecidas especialistas em gênero e sexualidade no mundo, e no Leste africano em particular. Ela é escritora, acadêmica e ativista em diversas causas políticas e sociais.Ao longo dos últimos anos, ela tem sido uma poderosa voz contra os excessos arbitrários e práticas anti-democráticas em Uganda e em outros países. Stella energizou os movimentos feminista, Kuchu, LGBTIQ e Queer pelo mundo, e especialmente em Uganda. Ela também tornou-se uma presença influente nas mídias sociais digitais e é seguida e acompanhada com entusiasmo por pessoas de diversas partes do mundo. Sua habilidade de infundir questões políticas sérias com humor, e vice-versa, tem iluminado e inspirado disputas políticas em diferentes contextos.
Semanas antes de sua prisão, ela encabeçou uma campanha chamada #Pads4GirlsUg, que cobrava o presidente Museveni sobre sua promessa eleitoral de que o governo compraria absorvente higiênicos para evitar que estudantes perdessem as aulas no período menstrual. A campanha de Stella foi provocada pelo recuo público da promessa feito pela primeira-dama Janet Museveni. Em retaliação à campanha, Stella, amig@s e familiares sofreram ameaças, intimidação, assédio e violência nas mãos das autoridades. Stella contou sua experiência em sua página no Facebook dias antes da detenção.
Por sua apaixonada atuação em prol dos direitos das mulheres e meninas, Stella foi processada por “assédio cibernético” e “comunicação ofensiva”. São acusações ultrajantes à luz da supressão dos direitos de livre expressão garantidos pela Constituição de Uganda comandada pelo regime de Museveni. Além disso, o governo buscou submetê-la à força a uma avaliação psiquiátrica numa tentativa de desmoralização de sua poderosa crítica. A supressão de uma ativista corajosa deve ser enquadrada no contexto mais amplo de repressão contra todas as formas e possibilidades de oposição, incluindo protestos pacíficos e democráticos e organização política, manejada pelo governo no intuito de perpetuar-se no poder.
Aquel@s de nós preocupados com o crescimento do poder autoritário, a caça à oposição e ao desmonte sistemático das liberdades civis e direitos democráticos, especialmente no Sul Global, reconhecemos nesse episódio algumas de nossas próprias experiência de erosão da cidadania. Estamos profundamente apreensivos com esse flagrante desrespeito que o governo de Museveni, no poder desde 1986, demonstrou pelos direitos e proteções fornecidos pela Constituição de Uganda.
Nós, aqui assinad@s, demandamos:
– a libertação imediata, segura e incondicional de Stella Nyanzi;
– o respeito aos princípios consagrados na Constituição de Uganda, incluindo a liberdade de expressão e o direito à vida e à liberdade.