A artista turca Güneş Terkol desafia os imaginários relacionados ao feminino a partir de histórias pessoais ou coletivas compartilhadas por mulheres em oficinas que organiza para sua pesquisa e processo de trabalho. Por exemplo, o bordado, prática culturalmente atribuída ao ambiente doméstico e ao labor da mulher, ganha camadas públicas e políticas em sua produção. O texto da Galeria Krank que comenta seu trabalho tece as seguintes considerações sobre sua produção estética:
“Produzindo trabalhos sobre as identidades de gênero através do uso de costura, vídeo, desenhos e som, a artista pensa suas produção artística como uma relação que envolve, resíduos, contradições e relações em várias de suas suas obras. Nesse fazer Terkol persegue sinais, histórias, palavras e sonhos que a motivam ou que ela considera harmoniosos como fonte de narrativas. A começar cada novo trabalho, ela estuda as anotações e desenhos em cadernos antigos e re-examina tecidos e fotografias recolhidos ao longo do tempo. Seu trabalho é informado pelas condições sociais em que vive, por imagens que encontra, por sua história pessoal e materiais que vai recolhendo. Trekol explora muitos meios de expressão para além do ato de pintar. Usa, por exemplo, pedaços de tecido encontrados ao acaso. Em lugar de materiais pesados, caros e difícéis de transportar ela opta por matérias econômica, casuais, leves que fáceis de transportar que libertam seu modod de criar. ”
Na 32a Bienal, foram apresentadas as séries Couldn’t Believe What She Heard [Não posso acreditar no que ela ouviu] (2015) e The Girl Was Not There [A menina não estava lá] (2016), essa última comissionada para a exposição. Na primeira, em uma montagem aberta, Terkol criou imagens nas quais elementos relacionados ao estereótipo do “universo feminino” – unhas esmaltadas, cabelos, sapatos – são contrastados com fragmentos de corpos cujo sexo não é possível identificar. Na segunda série, a artista resgatou o caráter místico e idílico da natureza. A coloração se origina de materiais orgânicos, como cebola, folhas de tabaco, abacate e beterraba, e compõe paisagens ou cenas que mesclam elementos ornamentais, molduras vazias e figuras inventadas. O tecido utilizado subverte a aparente fragilidade das obras e sua transparência possibilita entrever as composições, multiplicando e desconstruindo os imaginários do feminino e da natureza.
Gunes Terkol na Bienal
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