Em sua guinada conservadora na cena internacional, o governo de Jair Bolsonaro se juntou aos EUA e a alguns governos do Oriente Médio e da África para defender mudanças na Organização Mundial da Saúde (OMS) nas políticas de promoção da saúde sexual e reprodutiva. Um outro grupo liderado por países europeus e vários latino-americanos tomou direção oposta
Na Assembleia Mundial da Saúde, encerrada ontem, um grupo formado por EUA, Brasil, Arábia Saudita, Iraque, Egito, Gana, Nigéria e Indonésia fez uma intervenção em plenário para defender que iniciativas da OMS na área da saúde da mulher e de adolescentes e crianças têm que estar focadas em conceitos consensuais e evitar controvérsias entre os Estados-membros.
Conforme negociadores presentes à assembleia, esse grupo quer que o foco, quando se tratar de saúde sexual e reprodutiva, seja estimular políticas para evitar doenças sexuais, vacinação contra câncer de colo do útero etc.
Fontes dizem que o governo de Donald Trump deixou claro em conversas durante a assembleia que considera que a promoção da saúde sexual e reprodutiva, como é hoje, significaria facilitar aborto e sexo antes do casamento. Alguns negociadores chegaram a comparar o discurso de Washington à quase tentativa de propor abstinência sexual. Isso gerou algumas ironias, por vir do governo dirigido por Trump.
Já um grupo de cerca de 40 nações, liderado por França, países nórdicos e latino-americanos como Argentina, Uruguai e México, também fez uma declaração conjunta insistindo na importância de se promover a saúde sexual e reprodutiva das mulheres e adolescentes para evitar gravidez precoce, violência sexual em casa, na escola e no local de trabalho, além de promover igualdade de gênero.
Não houve um confronto mais visível na assembleia. Mas os países conservadores, que dizem defender a família, vão continuar pressionando a OMS a rever várias de suas políticas.
Fonte: Valor Econômico