Em junho de 2020, uma onda de protestos varreu a cena política global que contestava a repressão estatal, embora com um sentido inteiramente diferente. O levante do Black Lives Matter contra a violência policial racista nos Estados Unidos, cujo estopim foi o assassinato brutal de George Floyd em Minneapolis, foi profundamente conectado às dificuldades econômicas pelas quais ele passava por causa da crise da COVID-19.
O levante se sobrepôs e atropelou os protestos anti-lockdown e inspirou mobilizações em outros países, apesar das limitações impostas pela pandemia. Tudo indicava que a eleição presidencial de novembro seria conturbada e, de fato o foi, tendo descortinado os limites e fragilidades da democracia americana.
Por fim, e talvez mais importante, os efeitos combinados da COVID-19 e do movimento Black Lives Matter transformaram a cena política do país, criando condições para a derrota de Trump nas tumultuadas eleições presidenciais de novembro. Seus impactos, portanto, não se limitaram ao território norte-americano.