Durante o mês de agosto de 2016, conforme os Jogos Olímpicos evoluíam, telas brasileiras e pelo mundo foram inundadas com corpos jovens, belos, aprimorados, “sarados” e “eficientes” que alegremente competiram e moveram-se pelo Rio de Janeiro. Corpos Olímpicos de vários gêneros, estilos e cores que provocaram antigas e enraizadas imagens acerca de perfeição física. Os próximos Jogos Paralímpicos são um lembrete de que a glorificação da perfeição corporal está incorporada na lógica de supremacia e de exclusão que se cruza com capacidade, raça, classe, região e marcadores de gênero e que deve ser constantemente sujeita a análise crítica. Esta é a razão pela qual nós escolhemos Barbara Wagner como uma das artistas mulheres destacadas no mês.
Wagner é uma fotógrafa brasileira que vive em Recife, cujo trabalho está centrado no “corpo popular ‘e suas estratégias de visibilidade e de subversão que estão localizadas entre as formas de ritual e espetáculo dentro da indústria cultural contemporânea. Optamos por incluir, em particular, as séries de fotografias intituladas Sttuborn Brasília I e Sttuborn Brasília II, porque o título evoca a capital do país onde políticas públicas e regressões legais em relação à sexualidade estão em andamento há algum tempo, mas principalmente porque as imagens das séries exploram a amplamente comentada facilidade brasileira com corpos descobertos e comoventes, revelando que esta característica cultural é mais sobre estar à vontade do que sobre ser perfeito. Em uma entrevista de 2014 para o site brasileiro VICE, Wagner discorreu sobre seus desejos para imagens:
“Eu gosto de fotografar pessoas que gostam de ser fotografadas e, no final do processo, incongruências podem surgir. Eu não estou interessada em arte que se anuncia como arte ou que se envolve em especulações com o “social” ao produzir belos objetos desprovidos de crítica. Eu acho que como artistas temos que superar esse tipo de atitude conservadora e ver o que fazemos como responsabilidade … de outra forma, isso será tempo perdido e isso é muito sério. Como na letra de uma uma canção popular de Recife: ‘O tempo corre / o mundo gira em torno de / o mundo é uma bola'”
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