Por ocasião do lançamento do novo site do SPW, convidamos alguns parceiros de longa data para explorar nosso arquivo e selecionar um conteúdo (uma publicação, artigo, edição do boletim informativo, etc) para ser destacado como uma contribuição relevante para o nosso campo de pesquisa e ação e escrever algumas linhas explicando por que esse “algo” é importante.
A seguir, compartilhamos as generosas palavras de Rodrigo Borba sobre o Pequeno Dicionário de Termos Ambíguos do Debate Político Atual. Rodrigo é professor associado da Universidade Federal do Rio de Janeiro, onde está lotado no Departamento de Letras Anglo-Germânicas e no Programa Interdisciplinar de Pós-Graduação em Linguística Aplicada. Suas pesquisas investigam as relações entre linguagem, gênero e sexualidade em diversos contextos aplicados. Foi um dos coordenadores do Pequeno Dicionário.
O conteúdo recomendado por ele está disponível nos links abaixo.
https://sxpolitics.org/pequeno-dicionario/
A 2ª edição da formação sobre o Pequeno Dicionário de Termos Ambíguos do Debate Político Atual e a 3ª edição do Projeto Casa Novas, descritas nas notícias que acho importante destacar, são fundamentais para democratizar o conhecimento sobre o cenário político brasileiro, especialmente em um momento marcado por discursos de ódio e desinformação. Essas iniciativas, realizadas em parceria com o coletivo Novas Narrativas Evangélicas e a Igreja Redenção Baixada, mostram como é possível engajar diferentes públicos, incluindo jovens evangélicos e influenciadores digitais, em debates críticos sobre o contexto político atual. São evidências de que o Sexuality Policy Watch (SPW) não apenas analisa tendências globais em gênero e sexualidade, mas também se preocupa em traduzir esse conhecimento e disseminá-lo de forma acessível para diversos públicos, combatendo narrativas misóginas e LGBT+fóbicas.
Essas iniciativas fazem parte de um projeto maior, idealizado e encabeçado pelo SPW, cujo objetivo é o desenvolvimento de dois dicionários que explicam, de forma clara e acessível, as estratégias usadas pelo conservadorismo para distorcer debates políticos. Um dos dicionários é voltado para jovens adultos, enquanto o outro adapta a linguagem para estudantes do ensino médio, garantindo que a informação circule entre diferentes grupos. Esses dicionários derivam da colaboração entre o SPW e o Programa Interdisciplinar de Pós-Graduação em Linguística Aplicada (PIPGLA/UFRJ) – uma parceria entre sociedade civil e universidade com vistas a fazer circular conhecimento científico sobre as estratégias retóricas do campo conservador brasileiro e propiciar debates mais bem informados. Além disso, a parceria com o LabJor da UNICAMP resultou em podcasts sobre os verbetes que compõem os dicionários que amplificam ainda mais o alcance desse conteúdo. Com essas iniciativas, o SPW ressalta a relevância da comunicação digital como uma ferramenta poderosa na luta contra a desinformação.
Destaco as notícias acima e o projeto mais amplo no qual estão inseridas, pois são evidências de que o SPW tem um forte engajamento com a sociedade tanto em nível global quanto local. Ainda, as iniciativas sublinham o compromisso do SPW em fomentar colaborações concretas com grupos de base, como o Novas Narrativas Evangélicas, que atua dentro de comunidades religiosas para promover diálogos mais inclusivos. Esse tipo de colaboração é essencial em um país onde discursos reacionários muitas vezes se espalham a partir de espaços religiosos. Ao capacitar jovens e influenciadores, essas atividades de formação ajudam a criar uma rede de multiplicadores de informação qualificada, capaz de contestar narrativas enganosas sobre gênero, sexualidade e democracia.
Em um contexto de avanço do autoritarismo e de ataques a direitos humanos, iniciativas como essas são ferramentas de resistência. Elas mostram que é possível combater a desinformação não apenas com denúncias, mas também com educação e comunicação acessível. Ao disponibilizar os dicionários gratuitamente online e produzir conteúdos em diferentes formatos, o SPW e seus parceiros reforçam a importância de democratizar o conhecimento e fortalecer a sociedade civil frente aos retrocessos políticos. Esses projetos são um exemplo de como a articulação entre academia, sociedade civil e ativismo pode gerar impacto real na defesa da democracia e dos direitos humanos no Brasil.