Por ocasião do lançamento do novo site do SPW, convidamos alguns parceiros de longa data para explorar nosso arquivo e selecionar um conteúdo (uma publicação, artigo, edição do boletim informativo, etc) para ser destacado como uma contribuição relevante para o nosso campo de pesquisa e ação e escrever algumas linhas explicando por que esse “algo” é importante.
A seguir, compartilhamos as generosas palavras de Marco Aurélio Máximo Prado sobre o projeto Gênero & Política na América Latina. Marco é professor do Programa de Pós-Graduação em Psicologia da Universidade Federal de Minas Gerais onde coordena o Núcleo de Direitos Humanos e Cidadania LGBT+ e um parceiro de longa data do SPW. Sua mais recente colaboração conosco é a publicação RUINOLOGIA (a ser lançada em breve), que analisa como as políticas antigênero converteram-se em políticas de Estado durante o governo Bolsonaro.
O conteúdo recomendado por ela está disponível neste link.
O trabalho que o SPW tem feito de articular ativistas, pesquisadoras, pensadores em torno do trabalho investigativo sobre as ofensivas contra o gênero tem sido de extremada importância para muitos grupos diferentes: acadêmicos, políticos, gestores e ativistas. Esses esforços investigativos podem ser acessados tanto nos estudos de casos de países latino-americanos como Brasil, Chile, Colômbia, Costa Rica, Equador, México, Paraguai e Uruguai, como também com análise sobre como as políticas antigênero se infiltraram na Organização dos Estados Americanos (OEA).
Leitores e leitoras interessados encontrarão, em perspectivas transnacionais, análises descritivas densas de como as forças antigênero foram se instalando nos países em ressonâncias transnacionais. Este estudo, coordenado pelo SPW, além de apresentar análises genealógicas das ofensivas ultraconservadoras, suas idiossincrasias culturais e seus principais atores políticos, traz à visibilidade mapeamentos fundamentais das relações entre atores políticos, instituições religiosas e políticas. Um esforço desenvolvido no âmbito do projeto Gênero & Política na América Latina que inaugurou sistemáticos investimentos na compreensão destas políticas contra o gênero.
Nesta mesma perspectiva, outros informes e relatórios foram produzidos nos últimos 6 anos, como o estudo com instituições parceiras sobre a ocupação das ofensivas antigênero nas políticas públicas brasileiras após 2019 com a eleição de J. Bolsonaro para presidente e também os diálogos sobre os feminismos essencialistas.
Este conjunto de trabalhos investigativos com ampla disseminação do conhecimento é uma amostra da articulação transnacional que o SPW tem desenvolvido na produção de documentos fundamentais para pensar as políticas sexuais na contemporaneidade. Sem dúvida, o impacto social, político e acadêmico destes trabalhos tem sido expressivo e no caso do Brasil inaugurou uma série de estudos e preocupações no mapeamento de emergentes atores políticas que na esteira das ofensivas contra o gênero se situam em fronteiras pouco nítidas do espectro político ideológico que tem desenhado as políticas sexuais e da diversidade da atualidade.
Estamos frente a um patrimônio político e intelectual de grande monta que ainda reverberará muito entre nossos trabalhos na defesa das democracias.
Marco Aurélio Máximo Prado
Professor da UFMG
Bolsista Pq/CNPq