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Construindo diagnósticos e linhas de fuga da radicalização antigênero – por Branca Falabella Fabrício

Por ocasião do lançamento do novo site do SPW, convidamos alguns parceiros de longa data para explorar nosso arquivo e selecionar um conteúdo (uma publicação, artigo, edição do boletim informativo, etc) para ser destacado como uma contribuição relevante para o nosso campo de pesquisa e ação e escrever algumas linhas explicando por que esse “algo” é importante. 

A seguir, compartilhamos as generosas palavras de Branca Falabella Fabrício, sobre o relatório “Ofensivas Antigênero no Brasil: políticas de Estado, legislação, mobilização social”. Branca é professora-pesquisadora no Programa Interdisciplinar de Pós-Graduação em Linguística Aplicada da UFRJ, com foco em performances identitárias de gênero e sexualidade, trajetórias textuais online/offline e circulação de afetos em espaços digitais. Coordena o CONTXT/UFRJ, projeto de popularização de conhecimento científico sobre produção-circulação-interpretação de textos e discursos, e colaborou conosco no Pequeno Dicionário de Termos Ambíguos, tendo sido a autora do verbete “Identitarismo”.

O conteúdo recomendado por ela está disponível neste link. 


Vivemos em um momento de grande retrocesso. Notícias sobre a escalada de atos contra a diversidade, equidade e inclusão têm sido recorrentes na mídia brasileira e internacional. Apesar de avanços no campo dos direitos de grupos minoritarizados, como, por exemplo, os de pessoas trans, os níveis de desigualdade e discriminação parecem recrudescer. Questões de gênero e sexualidade são complicadas. Há muita desinformação, estereótipos e desconhecimento sociopolítico, entrançados a crenças que estão por aí há séculos. Entretanto, a repetição de ideias sempre ocorre em meio a movimentos de transformação que podem passar despercebidos. São deslocamentos delicados que demandam atenção e exame minucioso. Nesse sentido, o Observatório de Sexualidade e Política opera como um espaço de observação da sociedade onde novos modos de perceber e agir emergem de um conjunto robusto de informações e reconstruções de fenômenos históricos complexos.

Como exemplo dessa dinâmica, vale a pena conferir  o relatório “Ofensivas Antigênero no Brasil: políticas de Estado, legislação, mobilização social”. Ele não apenas analisa propostas de restrição dos direitos de pessoas trans; de exclusão de conteúdos sobre diversidade de gênero nas escolas; e de restrições ao acesso a serviços de saúde específicos para a população trans e travesti. Simultaneamente, enfatiza a importância de compreender essas ofensivas em diálogo com movimentos semelhantes em outros países da América Latina e do mundo, destacando possibilidades de resistência e mobilização por parte da sociedade civil para enfrentar essas ameaças aos direitos humanos das pessoas trans.

Assim, construindo diagnósticos e articulando linhas de fuga, o material disponível no SPW é um convite a desacelerar e se engajar na leitura de textos ágeis e sagazes que nos auxiliam a formar argumentos e compreensões dos regimes de radicalização atuais. É um antídoto contra a pressa contemporânea e a paralisação do pensamento.



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